Era
uma tarde de verão, eu estava exausta de tanto organizar as coisas na nova
casa. Havia me mudado para Hikai faziam dois dias, e ainda não havia conseguido
terminar de desempacotar coisas. Por mais que eu tenha desfeito de muito do que
eu tinha, parece que eu continuava cheia de coisas...
-O ano esta quase no fim! - disse uma voz surgindo atrás de mim.
-Vovó?! - me virei rapidamente e corri para abraçá-la - O que a
senhora faz aqui, já é tão tarde!
-Ora ora minha filha, nunca é tão tarde para dar as boas vindas a
quem se ama.
Aquela palavra era para ter me confortado, mas uma profunda dor
reapareceu no meu peito como uma gota que cai na água e cria muitas ondas... -
oh... me desculpe, querida... não tive a intenção de....
-Esta tudo bem - retruquei com uma voz cansada - eu só.... -
fiquei em silêncio. Me forçava a superar e a me segurar, mas algumas lágrimas
teimosas insistiam em percorrer meu rosto. Vovó me abraçou carinhosamente e
ficamos em silêncio, com apenas o som dos soluços quase contidos e as gotas de
chuva que começaram a tocar o telhado.
-A vida é uma coisa fortuita - disse vovó, quebrando o silêncio -
ela vem cativando as pessoas próximas, construindo pontes e laços de afeto,
criando sonhos, planos e expectativas e depois desaparece sem nem nos preparar
pra sua partida. Dói... mas não se pode deixar levar-se junto das vidas que já
se foram. Você esta sofrendo querida, mas você é forte, e encontrará a força
certa para se reerguer e continuar.
Vovó tinha um jeito especial de dar conselhos, ela gostava muito
de usar metáforas e frases de efeito, que realmente causavam um certo efeito
nos corações de quem os ouvia, talvez não no mesmo instante, mas sempre
acontecia. Meu rosto estava afundado no seu avental, eu digeria cada palavra
dela como sendo algo impossível a ser feito naquele momento, pelo menos pra
mim. Perder Kazuki me abalou mais do que qualquer um.
-É...
Vai esfriar! Vou fazer um chá – ela acariciou meus cabelos e levantou meu rosto
– chore bastante para lavar a alma de tudo o que passou, e quando você parar de
chorar, vai ser o dia em que terá encontrado a força que eu lhe disse.
Eu
a soltei, deixando-a ir até a cozinha... Fiquei parada ali na porta do
quartinho, olhando pra um vazio que parecia vir de dentro pra fora.
A
chuva não deixou vovó ir embora, arrumei um colchonete pra ela ao meu lado,
pois a casa era bem pequena e só tinha um quarto. Lembro de ter adormecido
segurando sua mão, e suspirando, pensando no que seria da minha vida a partir
dali.
O
dia chegou e fui despertada pelos raios de sol que atravessavam umas frestas da
janela de madeira. Tateei o chão procurando meu celular, fiquei cega com a luz
e segundos depois enxerguei a hora – 15:27 – fiquei mais uns segundos olhando
para o nada e de repente dei um grande salto do colchão – Caramba! Três horas
já??? Ah não, eu estou muito, muito atrasada!!!! Vovó acord... – olhei para o
colchão ao lado, e estava arrumado e as roupas de cama dobradas sobre ele, mas
vovó não estava mais lá.
Desci
até a cozinha, havia pão com geleia e mel e um copo de suco de morango ao lado
de um bilhetinho – me desculpe por não te acordar minha filha, é que você
parecia tão tranquila...
-Poxa
vovó.... – resmunguei. Tinha uma entrevista de emprego as quatro horas no
centro da cidade, e só tinha meia hora para tomar banho, me arrumar e tomar o
metrô – Pfff... não vou chegar a tempo... – balancei a cabeça negativamente,
decepcionada comigo mesma, me sentindo um lixo. Resolvi deixar o banho pra
depois, me arrumei e saí correndo enquanto comia o pão e bebia o suco num
copinho descartável... Desci correndo para a estação, e gritei para o homem ao
lado da porta – Segura a pooooorta!!!!
Ele
se assustou, deu um passo para fora do metrô e instintivamente me segurou pela
blusa e me puxou pra dentro do vagão antes da porta se fechar.
-Você
ficou maluco??? Eu poderia ter sido esmagada!!! – gritei toda esbaforida e
ofegante.
-“Segura
a porta” ? – ele retrucou – Como alguém seguraria uma porta mecânica? Um
obrigado por ter te ajudado a não perder o metrô, já seria o suficiente, sua
louca.
Bufei
– Louca, eu??? Você que é um arrogante!!! Só porque esta ai todo bem vestido de
terninho e gravata, não pense que pode chegar e ofender as pessoas assim, ouviu
bem?!
-Hahaha,
olha só quem esta falando sobre
ofender as pessoas! – ele me encarou e sorriu ironicamente. Eu queria
estapeá-lo, mas as pessoas estavam começando a notar nossa discussão e essa
atitude não ficaria muito bem – É melhor se segurar, moça – ele disse.
-Estou
mesmo me segurando pra não te estapEEeeAaAarRr!!! – o metrô deu começou a andar
e os vagões deram uma pequena balançada, e eu toda desengonçada e atrapalhada
acabei me desequilibrando e no balanço, caí em cima dele, derrubando o resto do
meu suco sobre seu terno – Aaaiii caramba!!! – ele gritou, eu segurei no ferro
ao lado e me recompus rapidamente – desculpa!!!!
-Olha
só o que você fez, sua destrambelhada!!!
-Eu
já pedi desculpa, não esta bom? Quer que eu lamba o suco até limpar? – Parei no
mesmo instante arregalando os olhos.... eu havia dito aquilo muito alto??? As
pessoas ao redor nos observavam e cochichavam... Que vergonha!!! – Você é um
idiota! – berrei e saí pisando duro até o vagão da frente, deixando-o lá todo
sujo de suco.
Desci
às pressas do metrô, e corri em direção ao pequeno prédio onde seria a
entrevista, fui até o banheiro, tentei respirar fundo, me arrumei, acalmei
minha respiração, passei um gloss bem leve, prendi o cabelo num coque e voltei
até a sala de espera. Meia hora depois, a secretária aparece – Desculpe pela
demora senhorita Amai, o Sr. Tomamura teve um pequeno imprevisto, mas agora ele
já pode lhe atender, por favor, me acompanhe.
Segui
a secretária e logo ela me deixou frente a uma porta, bateu duas vezes e avisou
– A garota da entrevista está aqui – e se retirou.
Uma
voz meio estranha mandou-me entrar, eu estava um pouco nervosa... girei a
maçaneta devagar e fui abrindo a porta até que...
-Você!!!
– gritamos em uníssono apontando um para o outro.
-Vo-você
é o idiota do metrô!!! – exclamei surpresa.
-Você
é a maluca que me deu um banho de suco!!! – ele disse.
De
repente eu caí na real e engoli seco – Você... você é o chefe com quem vou
fazer a entrevista de emprego???
Ele
sorriu maleficamente balançando a cabeça numa positiva. Senti um arrepio na
espinha e dei meia volta, me retirando... Estava na cara que eu não seria
contratada por ele depois de tudo o que aconteceu... – Ei, onde pensa que vai?
A entrevista ainda não acabou! – olhei surpresa sentindo a sensação que aquilo
não era uma boa ideia e ele continuou – Sente este traseiro ali naquela
poltrona e vamos começar, eu não tenho o dia inteiro!
Fechei
o punho – seeuuu......... – engoli todo palavrão que pensei em dizer e
reconsiderei... ele parecia disposto a me entrevistar e talvez ele soubesse diferenciar
acidentes no metrô com trabalho e entrevistas... – Tudo bem.... senhor....!
Continua...
talvez.... hehehe!
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Sim, eu decidi começar uma história porque me inspirei muito em um anime que estou assistindo. Não sei se vou conseguir terminar, se continuo ou não... mas assim que me sentir inspirada, escreverei o próximo capítulo! Beijinhos!!!
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